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Além de Palavras, Sentimentos: Conta comigo

Conta comigo

Meninas e meninos, aloha!

Enquanto tô aqui curtindo esse friozinho que desceu sobre minha Campos, eu li o post da Anny, "Precisa-se de pessoas que sintam de verdade", e não deu pra segurar a emoção. Assuntos do coração sempre são complicados e mexem muito com a gente. Eu tava meio sem saber o que escrever hoje, mas depois que li esse texto, acho que vou continuar na mesma pegada. Até porque algumas semanas atrás eu tava me sentindo da mesma forma. É, pode acreditar, isso não acontece apenas com garotas de 15 anos, não. Até mesmo um marmanjo casado e com barbas tem seus momentos de fraqueza e solidão. Enfim, hora de colocar o coração em cima do teclado e ver o que sai.

E Anny: tamo junto, morena.

Linquezito!


Sara não acreditava no que via. Aquelas 5 fotos que sua amiga (amiga?) Ju trouxe diziam na cara dela que era tudo verdade o que comentavam antes: Beto estava mesmo ficando com aquela periguete da Gisele. Com a cara toda vermelha de raiva, foi correndo até a beira da quadra do colégio, onde Beto esperava sua vez de jogar, e mostrou a ele as fotos em que ele e Gisele trocavam beijos, riam juntos, se abraçavam. Até uma mãozinha na bunda foi fotografada.
  - O que isso aqui, Beto?
  - Olha só - disse enquanto olhava as fotos -, até que ficaram maneiras. Quem tirou?
  - Cala boca e explica por que você tá beijando essa vadia nessas fotos!
  - Que isso, não fala assim dela. Bom, a gente se encontrou na boate, ela tava afim, eu também, e a gente ficou.
  - E você me diz isso assim - Sara já gritava e batia em Beto -, com essa cara toda? E eu, como fico? Como você me dá um galho assim?
  - Ei ei, pera aí. Eu e você não temos nada. A gente tava só ficando de vez em quando. Aliás, o Biel vai dar uma festinha na casa dele semana que vem. Que tal se a gente - Sara interrompeu a frase cuspindo bem no meio da cara de Beto, e saiu correndo, deixando as fotos caírem no chão, e chorando, chorando.

Estava se achando uma boba, uma criança idiota. Como pode ficar encantada e toda apaixonada por aquele safado pegador? Malditos olhinhos verdes que a deixaram toda balançada e derretida. E aquelas palavras tão bonitas que ele dizia quando estavam juntos... Para, idiota, para! Acabou tudo. Acabou o namoro que nem começou. Acabou a felicidade. Acabou tudo.

No dia seguinte, Sara não foi ao colégio. Ela não era de faltar às aulas, por isso Gabi, sua melhor amiga, achou aquilo muito estranho... Mas depois que contaram a ela o que tinha acontecido no dia anterior, ela entendeu tudo. Assim que terminou a aula, Gabi ligou pra Sara. Sara atendeu mas não conseguiu falar nada. Ela apenas chorou. Durante 25 minutos. Gabi ficou com ela no celular até o choro parar e Sara desligar. Ligou pra mãe pedindo um tempinho para passar na casa de Sara, o que a mãe permitiu.

E lá estava Sara, enfiada na cama, abraçada a um travesseiro. Não reagiu quando Gabi entrou no quarto. Gabi tentava falar algo, mas Sara apenas dizia que não queria conversar com ninguém. Gabi apenas pediu pra que ela fosse ao colégio no dia seguinte. Deu um beijo na testa de Sara e disse que, se quisesse conversar, podia ligar a qualquer hora, até mesmo de madrugada. Sara não disse nada, e então Gabi saiu.

Mesmo sem saber o porquê, Sara atendeu ao pedido da amiga e foi ao colégio. Mas logo que chegou na sala, todo mundo já percebeu que ela não tava nada bem. Estava sem nenhum sinal de maquiagem, nem mesmo um batom. Sequer penteou o cabelo. Os olhos estavam fundos, vermelhos, com muita olheira, como se tivesse passado a noite toda acordada e chorando. Gabi sabia que tinha sido exatamente isso. Sara não se sentou no seu lugar de sempre, atrás de Gabi. Foi lá pra última cadeira da última fila. Gabi foi até ela.
   - Ah, Sara, que bom que você veio hoje! Tava tão preocupada com...
   - Me deixa quieta - disse Sara, sem nem olhar pra Gabi.
   - Mas Sara, eu só tô dizendo...
   - Você não pediu pra eu vir? Pronto, eu vim. Agora me deixa em paz.
   - Posso pelo menos sentar perto de você?
   - Faz o que você quiser...

Gabi sentou na fila ao lado, na mesma direção de Sara. Sara não fez absolutamente nada durante a aula toda, a não ser abaixar a cabeça mesinha da sua cadeira e chorar, como Gabi pode muito bem ouvir. Não se levantou dali nem na hora do intervalo. E quando a aula acabou, pegou sua bolsa e foi embora, sem trocar nem um olhar com Gabi. Aí foi a vez de Gabi chorar. Não sabia o que fazer pra ajudar sua melhor amiga.

De noite, Gabi ligou pra Sara, mas ela não atendeu. Insistiu mais umas 3 vezes e nada de atender. Gabi estava perdida. Fez sua oração antes de dormir, e pediu muito a Deus que ajudasse sua amiga. Já no dia seguinte, acordou bem cedo, tomou café quase correndo, pegou suas coisas e partiu pra casa de Sara. A mãe dela a atendeu na porta e disse:
   - Gabi, por favor, fala com a Sara, ajuda minha filha! Ela tá muito mal, ela não ouve a gente. Ela não sai daquele quarto nem pra comer. Por favor, ela gosta de você, talvez ela te ouça e melhore. Ajuda minha filha, eu imploro!
   - Eu vou tentar, Dona Arlete - respondeu Gabi, com um belo sorriso -, eu vou tentar.

Gabi bateu na porta e disse que queria conversar com Sara. Sara mandou entrar. Gabi beijou sua testa e sentou na cama perto dela. Sara não se moveu.
   - Quero te mostrar uma coisa - disse Gabi, enquanto tirava da bolsa uma pequena necessaire.
   - Uhm, seu kit de maquiagem que você tanto ama. Que que tem?
   - Eu quero que você fique com ele. Você precisa se cuidar, garota!

Sara estendeu a mão para pegar o kit e, quando fez esse movimento, Gabi pode ver, muito rápido, algumas cicatrizes horizontais no pulso de Sara. Ela pegou rápido a necessaire, abriu e ficou olhando por alguns segundos, mas de repente ele o jogou com toda força contra a parede, espalhando batons, brilhos e rímeis por todo o chão.
   - Eu não preciso disso mais! Não quero mais nada disso pra mim! E também não quero você aqui! Sai agora!

Muito espantada, Gabi saiu correndo do quarto, tentando chorar, mas sem conseguir. Voltou pra casa e, durante aquele dia, ficou dentro do quarto, com uma dor enorme dentro do peito e um nó na garganta. Não estava com raiva da amiga; estava sim com uma enorme compaixão por ela, uma vontade de fazer algo, mas ao mesmo tempo uma sensação de impotência enorme. Não sabia mais o que fazer pra ajudar a amiga a sair daquele fosso de tristeza e solidão.

Gabi ficou três dias sem ter contato com Sara. No quarto dia, decidiu ir lá mais uma última vez. Se não conseguisse quebrar aquela armadura em que Sara tinha se metido, não tentaria mais nada. Ficaria apenas pedindo a Deus que cuidasse dela. Ao chegar na casa dela, foi abraçada pela mãe de Sara, que a conduziu até o quarto da filha e a deixou lá. Gabi bateu na porta, mas ninguém atendeu. Chamou por Sara, mas ela não respondeu. O coração de Gabi logo se acelerou. Será que Sara tinha feito alguma besteira? Começou a bater mais forte na porta, e no máximo do seu desespero, Sara abriu. Mas nem parecia ser a mesma Sara. Estava mais magra, toda descabelada, até meio sem cor. Sua amiga estava mesmo acabada.

Gabi entrou e se sentou na cama. Numa olhada rápida pelo quarto, Gabi viu, em cima do criado mudo, uma lâmina de barbear. Não precisou fazer muito esforço pra entender tudo. Sara tentou impedir, mas Gabi foi mais rápida e pegou a lâmina. Gabi se sentou outra vez na cama e pediu pra que Sara se sentasse do lado. Com os olhos arregalados e tremendo toda, Sara implorava pra que Gabi não contasse nada a ninguém, mas Gabi pediu que ela ficasse calma e quieta. Então Gabi puxou a manga de sua blusa, exibindo o próprio pulso, e deslizou o fio da lâmina sobre ele, bem de leve. Uma lágrima escorreu dos seus olhos junto com o pequeno fio de sangue que desceu do pulso dela. Seu rosto se contorceu de dor, mas ela fez mais um corte, um pouco abaixo do primeiro. O sangue descia devagar.
  - Você não precisa mais disso - disse Gabi, guardando a lâmina dentro de sua bolsa. - Sara, entende de uma vez por todas que eu tô junto com você. Eu sou sua amiga e não vou abandonar você. Eu tô do seu lado.

Sara olhou nos olhos já cheios de lágrimas de Gabi, e depois olhou pro pulso cortado da amiga. Então ela pulou sobre Gabi e a abraçou muito forte, se agarrando em seu pescoço.
   - Me ajuda, Gabi, por favor, me ajuda! Tira essa tristeza de dentro de mim, amiga, por favor!

Então as duas choraram juntas, abraçadas.

4 comentários :

  1. Muito lindo o seu blog , estou comendo o meu blog agora ta uma passada la por favor , você esta de parabéns pelo o seu blog... http://coisasnati.blogspot.com.br/

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  2. Aí, quando eu leio essas histórias, me dá é raiva sabe. Nem sei como começar a me explicar e acho que não dá pra me colocar no lugar de meninas que fazem isso, cada um tem sua própria vida com seus próprios dramas, não é verdade?
    De qualquer forma, sou contra todo e qualquer tipo de auto mutilação. Pessoas que fazem isso normalmente não se amam e pensam que também não são amadas por ninguém, é péssimo. E pior, é difícil ter amigas que veem isso e pensem 'vou ajudar ela'. Vao nada, tudo mentira, vao é fofocar pra todos o que é que ela anda fazendo consigo mesmo e ela vai virar chacota! Não é todo mundo que tem Gabis em sua vida né.
    Mas parei de discursar

    Bjao
    www.livrosecitacoes.com

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  3. Ai...Isso é horrível,as pessoas tem que aprender a amarem a si mesmas,e não depender tanto de outras pessoas,o amor nos parte o coração :(
    Bem,linda...Queria convidar você a participar do sorteio que tá rolando lá no blog valendo um lindo acessório da empresa "Lovely acessórios" ficaria feliz se vc participasse :)
    BEijos!MAitê
    http://pinkcatsflashpug.blogspot.com.br/

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  4. Nossa, que texto lindo... Eu gosto muito de textos assim, que falam de amigas e tal, acho bem interessante. Arrasou!
    Beijo,
    Sorteio | Delírios de Garota

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